...///... -Vocês têm de mandar arranjar as vossas estradas!
O senhor Augusto Encarnação e os seus equívocos.Como se eu ou a Rubina fôssemos do pelouro das obras da câmara, ou do ministério dos transportes e vias de comunicação.Eu já estava farto de ir buscar o snr Augusto Encarnação e o seu velho Renault 9, mais a dona Adélia, aos mais inusitados sítios.Já entrara em contramão na auto estrada por três vezes.De todas elas por um bambúrrio de sorte, não provocara um choque em cadeia nem fora esmagado por um camião.Alguma entidade divina protegia o casal Encarnação nestas incursões tipo roleta russa, contrariando o sentido de trânsito e as regras do código.Acabavam por abandonar o veículo na berma da estrada e chegava, a lugar seguro por meios inusitados.Da última vez de pois de encostarem á valeta, fizeram paragem ao primeiro veículo que apareceu e apanharam boleia de um jipe que rebocava um veleiro.Como o jipe estava lotado, o casal Encarnação seguiu no convés da embarcação, discutindo acaloradamente se a culpa do engano na rota era do piloto ou do navegador.Chegaram hirtos e majestosos, decorando a proa do barco como almirantes de flotilha ausente, sem se aperceberem da confusão criada.Recolhera-os numa area de serviço, depois de espremidos pela polícia.O senhor Augusto Encarnação pensava que o interrogatório se tratava de uma entrevista para qualquer órgão de comunicação social e naõ se fez rogado, proferindo as maiores críticas ao deplorável civismo dos condutores na estrada, aproximando-se dele como loucos furiosos, encadeando-os com despropositados sinais de máximos, pregando-lhes valentes sustos com gritos de borracha em travagens abruptas e tangentes assustadoras, uns após outros baixando os vidros e insultando-o a ele e á sua falecida mãe que não vinha ao caso.
Consegui livrá-los da prisão com atestado do Doc. Que já estava um pouco engelhado, mas funcionava.Da última vez sacrificara a dona Adélia, promovendo-a a condutora.Apreenderam-lhe a carta de condução, o que era irrelevante, pois já não conduzia há vinte anos, só renovava o documento cada dois anos, para não se sentir mais acabada.
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Extracto do livro”O Rei do Volfrâmio” de Miguel Miranda.
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