TERNURAS...

TERNURAS...
Todos nós temos lembranças que guardamos connosco para toda a vida!
Hoje vou falar sobre o meu avô Joaquim, que personificava a imagem da austeridade e com margens de inacessibiidade para com os netos, fruto talvez de uma forma pessoal de mostrar a sua afectividade, em tempos que eram diferentes dos de hoje entre este grau de parentesco, mas que em determinadas ocasiões se nos revelavam em todo o seu esplendor de Amor e Afecto.
Os meus Avós paternos moravam numa aldeia algures no Douro, e eu mais os meus Pais e irmãos íamos nas festividades que durante o ano aconteciam visitá-los com alguma regularidade!No Verão (em Setembro) era o mês todo lá passado por causa das colheitas e em especial pelas vindimas!Eram dias de intensa alegria e brincadeiras que nos faziam quase esquecer o dia a dia citadino!
O meu Avô Joaquim tinha estado na América 25 anos e regressou já com uma idade á volta dos 50 anos, personificando aquela visão do género Al Capone( usando sempre um chapéu de abas largas) , e modos de vestir ainda americanizados, andando de caçadeira em punho á procura de umas rolas ou coelhos, pelo que sobressaía lá na aldeia, ainda mais com a tal personalidade forte que afastava e atemorizava os mais próximos!
Perante esta capa de durão, nós andávamos sempre na ponta da linha, não fosse ouvirmos a sua voz de trovão a ralhar connosco! E era assim todos os dias...
Só que quando chegava o dia da nossa partida de regresso á cidade, ele voltava a ficar só com a Avó e logo muito cedo quando íamos para a camioneta, nas despedidas (ele ainda deitado da cama) uma vez consegui descobrir o verdadeiro sentir do meu Avô para connosco!Ao dar-lhe um beijo de despedida, pela primeira vez consegui ver os seus olhos de durão, marejados de làgrimas, denunciando toda a sua ternura vendo os seus pequenos de abalada por tempos mais ou menos longos até outras férias ou festividades!
A partir daquele momento, o meu Avô ficou ainda mais perto de mim, porque finalmente consegui "descodificar" o seu mau feitio!
Onde quer que estejas, nunca mais me separei de Ti...até aos dias de hoje!