EMOÇÕES, SENTIMENTOS…
Por vezes, embalados nas nossas vidas e afazeres, não temos
tempo para estas facetas do comportamento humano. Seguimos rígidas normas,
planos estabelecidos e que religiosamente fazemos por cumprir. Como se de uma
inevitabilidade se tratasse. E com as pressões que sofremos a todo o momento,
quase que imitamos os autómatos, robôs de nova geração.
No entanto eu continuo a acreditar que cada uma de nós luta
como pode, para resguardar alguns minutos, segundos ou horas, para as coisas
que nos dão verdadeiramente alegria, prazer! Rir com gosto quando achamos graça
genuína à mais simples piada ou situação, chorar, ou verter uma lágrima
furtiva, quando as emoções conseguem falar mais alto do que o pragmatismo…
Vem isto a propósito de algumas ações que eu tenho que fazer
diariamente envolvendo os animais de estimação que tenho, ou que é necessária a
nossa interação, para ajudar que alguns dos nossos amigos animais ditos
irracionais consigam (sobre) viver nos nossos espaços comuns. Tenho em minha
casa uma Porca da índia, Fofinha de
seu nome, que me sensibiliza bastante com os seus hábitos e jeitos de interagir
comigo e os que me acompanham em casa; na casa de minha filha mais velha existe
um Hámster (Mickey de seu nome) uma Tartaruga batizada de Clarinha e nos
últimos tempos um Grilo, que
por vezes dava o seu concerto bem grilado. È
deste que quero falar em particular: era eu que na ausência da minha filha,
lhe dava o alimento, em geral alface bem fresca e molhada para ele se entreter
no mundo dos humanos. Há uns dias nesta onda de calor que se passou, ia eu á
sua gaiola para proceder á reposição do alimento e quando me preparava para a
tarefa de limpeza, constatei que o grilo estava quieto demais… chegando á
conclusão de que não grilaria mais! Num ser tão frágil, por muito considerado
insignificante, sem grande interesse, eu fiquei emocionado e triste com o seu
fim inesperado para mim, desconhecedor dos ciclos de vida destes seres… fiquei
incomodado e depois refletindo sobre as nossas emoções s e sentimentos, como é
que situações destas nos podem afetar no momento, com esta intensidade?
Sentimos falta dos Amigos, indignamo-nos com as mortes de
seres humanos nas guerras sem fim que por esse nosso mundo acontecem, desastres
ou manifestações da Natureza Mãe e pensamos que nunca iremos ligar muito a
outras situações que temos como controladas…
No entanto o que moveu a escrever hoje este texto, foi a
morte do Grilo que entoava serenatas que para mim eram “música”! E por isso lhe
presto a minha homenagem, pois por breves tempos me ajudou a reparar e ver o
nosso mundo na sua imensa variedade de vivências e importância que muitas vezes
damos a quem dela não merece. Nem um segundo!
Se calhar vou arranjar outro grilo, quem sabe? E sem
pieguices, não é D.Grilo? Tu sabes
que será assim!