Às quartas-feiras, no horário nobre, recomeça na RTP1, o
programa de Joaquim Furtado, “A Guerra”, de seu nome, que analisa em
retrospectiva o que foram os bastidores desconhecidos dos múltiplos
intervenientes na saga das guerras coloniais nos três espaços, ou seja, Angola,
Moçambique e Guiné.
O episódio de ontem versou e focou o papel da Igreja e dos
seus evangelizadores no terreno em Moçambique. Nas suas variantes e estilos de
espalharem os princípios do Cristianismo, ouvi com muita atenção e interesse do
princípio ao fim as teses e opiniões daqueles que deram cara, sem medos,
testemunhando situações e realidades que ficavam fora do alcance do cidadão
comum na época e até em muitas situações, aos nossos dias…
O período em análise, baliza os anos de 1971 a 1974, (até á
eclosão do 25 de Abril), no território de Moçambique e do esforço da Igreja na
tentativa de apaziguar o conflito, por um lado no contacto com os “guerrilheiros”,
ouvindo-os, ajudando-os em termos logísticos, (alimentação, medicamentos) e
estabelecendo algumas ligações com base ma mensagem da fraternidade Cristã e no
respeito da Vida Humana.
Por outro lado a sua ligação ao regime colonial português.
Trazia-lhes uma responsabilidade acrescida. Foi na verdade uma força muito
influente que conviveu de modo muito difícil com o conflito…
A outra vertente focada foi a violência exercida sobre os
guerrilheiros aprisionados e a populações com que estes viviam, (a cargo das
DGS/PIDE). Todos os intervenientes na guerra, sabiam ou adivinhavam situações
inadmissíveis em termos dos Direitos Humanos de parte a parte. Era o lado negro
e obscuro da guerra e com a o qual ninguém aceitava mas conviviam por omissão e
pressões psicológicas dos cenários de combate…
Os testemunhos ouvidos foram claros e assertivos e
pareceram-me fidedignos de ambos os lados, embora de visões diferentes.
Reforçam o ponto de vista de muitos intervenientes mais
responsáveis que para a solução de carácter político que teria de ser a mais
lógica e equilibrada, assente na justeza e dignidade dos dois lados da
contenda…
Vista nestas vertentes e por testemunhos reais, todas estas
situações não nos devem manter animosidades que já pertencem a um passado que
se quer resolvido e enfrentar agora no presente, os nossos desafios comuns rumo
ao futuro…na Lusofonia, sem fantasmas assumindo todos Nós, um pouco a parte que
nos compete…
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