Thursday, January 03, 2013

A MINHA OPINIÃO COMO EX-COMBATENTE SOBRE O PROGRAMA “A GUERRA”, DA RTP1


Às quartas-feiras, no horário nobre, recomeça na RTP1, o programa de Joaquim Furtado, “A Guerra”, de seu nome, que analisa em retrospectiva o que foram os bastidores desconhecidos dos múltiplos intervenientes na saga das guerras coloniais nos três espaços, ou seja, Angola, Moçambique e Guiné.

O episódio de ontem versou e focou o papel da Igreja e dos seus evangelizadores no terreno em Moçambique. Nas suas variantes e estilos de espalharem os princípios do Cristianismo, ouvi com muita atenção e interesse do princípio ao fim as teses e opiniões daqueles que deram cara, sem medos, testemunhando situações e realidades que ficavam fora do alcance do cidadão comum na época e até em muitas situações, aos nossos dias…

O período em análise, baliza os anos de 1971 a 1974, (até á eclosão do 25 de Abril), no território de Moçambique e do esforço da Igreja na tentativa de apaziguar o conflito, por um lado no contacto com os “guerrilheiros”, ouvindo-os, ajudando-os em termos logísticos, (alimentação, medicamentos) e estabelecendo algumas ligações com base ma mensagem da fraternidade Cristã e no respeito da Vida Humana.

Por outro lado a sua ligação ao regime colonial português. Trazia-lhes uma responsabilidade acrescida. Foi na verdade uma força muito influente que conviveu de modo muito difícil com o conflito…

A outra vertente focada foi a violência exercida sobre os guerrilheiros aprisionados e a populações com que estes viviam, (a cargo das DGS/PIDE). Todos os intervenientes na guerra, sabiam ou adivinhavam situações inadmissíveis em termos dos Direitos Humanos de parte a parte. Era o lado negro e obscuro da guerra e com a o qual ninguém aceitava mas conviviam por omissão e pressões psicológicas dos cenários de combate…

Os testemunhos ouvidos foram claros e assertivos e pareceram-me fidedignos de ambos os lados, embora de visões diferentes.

Reforçam o ponto de vista de muitos intervenientes mais responsáveis que para a solução de carácter político que teria de ser a mais lógica e equilibrada, assente na justeza e dignidade dos dois lados da contenda…

Vista nestas vertentes e por testemunhos reais, todas estas situações não nos devem manter animosidades que já pertencem a um passado que se quer resolvido e enfrentar agora no presente, os nossos desafios comuns rumo ao futuro…na Lusofonia, sem fantasmas assumindo todos Nós, um pouco a parte que nos compete…

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